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Catedral da Luz

Catedral da Luz

Chalana - Queria Ser Pássaro

24.03.14, Bruno Vieira Amaral
«Torpor de fim de tarde. A angústia de se saber que está na hora de ir para casa quando ainda se quer tentar a última finta, outro golo, naquela rua em que só há um candeeiro e mal dá para ver a bola. “Já são horas, Fernando. Olha que vem aí o feijão-verde.” Ele não ouve. Continua. Já não há mais ninguém. Só ele e a bola, cúmplices, a luz débil do candeeiro, um homem que, antes de entrar em casa, bate com as botas no tapete, assobia, um cão, o cheiro a lodo, o (...)

Fim?

19.08.13, Bruno Vieira Amaral
Depois do jogo com o Guimarães, o último que fizemos na época passada, escrevi isto. Jesus só podia ter continuado se houvesse uma revolução total no plantel, com a saída de todos os jogadores fulcrais do ano passado. Como é óbvio, essa solução seria um disparate. Eu sei que Luís Filipe Vieira tinha dado a palavra a Jesus, mas como alguém disse num filme, "it's not your word that counts, it's who you (...)

Fim

27.05.13, Bruno Vieira Amaral
Depois de compreensivelmente ajoelhar-se no Dragão, ontem chorou antes do fim do jogo. Por muito que se tente dourar a pílula, Jesus mostrou que já não tem condições emocionais para ser líder de uma equipa como o Benfica. Os jogadores não podem olhar para o banco e ver o treinador a chorar. Uma vitória clara no jogo de ontem permitiria preparar a próxima época com as nuvens negras da depressão mais dissipadas. Assim, os jogadores vão de férias completamente arrasados sabendo (...)

Sociologia de bancada

04.05.13, Bruno Vieira Amaral
De cada vez que o Benfica ganha há pelo menos uma dúzia de portistas e sportinguistas que se licenciam em Sociologia. Basta o Benfica estar na iminência de conquistar qualquer coisa e alguns adeptos dos rivais desdobram-se em tentativas furiosas de não só pôr em causa o mérito do Benfica (o que aceito e vejo com alguma normalidade porque isto é o futebol português e nós também quase sempre olhamos mais para fora do que para dentro quando falhamos) mas de estabelecer (...)

No estádio

01.04.13, Bruno Vieira Amaral
Sou um benfiquista de sofá. Preguiçoso. Volátil. Por vezes nem sequer vejo os jogos na televisão. Sofro muito. Outra razão para não ir ao estádio é, digamos, demográfica. Nós somos mais de 6 milhões e o estádio só tem capacidade para 65 mil. Não quero arranjar chatices com ninguém e há pessoas que gostam mesmo de ir ao estádio, gostam de ver a bola ao vivo, e assobiar ao vivo, mostrar lenços brancos ao vivo e berrar insultos que o árbitro não ouve (“o Pinto da Costa (...)

Vergonha

15.03.13, Bruno Vieira Amaral
Ontem, o Benfica conquistou um lugar nos quartos-de-final de uma competição europeia jogando com o Jardel, o Roderick e o André Almeida, ganhando os dois jogos como já acontecera na eliminatória contra o 3º classificado do campeonato alemão. Quem ouvisse os comentadores lagartos Ribeiro Cristóvão e Rui Santos e, mais tarde, aquela coisa do Jorge Baptista pensaria que o Benfica tinha perdido a eliminatória. Diziam que o Bordéus é uma equipa fraquíssima e que não constituía um (...)

Aquela noite

14.02.13, Bruno Vieira Amaral
Recordo a noite, no Ulrich Haberland, do mais glorioso empate da história do Benfica. Duas semanas antes, empate em casa que, se a memória não me falha, mereceu o título “Luz Amarela” na capa da extinta Gazeta dos Desportos. Depois, aconteceu aquilo. Ao intervalo perdíamos por 1-0 (golo de Ulf Kirsten). No início da segunda parte, 2-0, pelo veterano Schuster. Lembro-me de ter pensado que, a partir daquele momento, bastava-nos um empate. O optimismo é certamente uma perturbação (...)

O que importa

15.01.13, Bruno Vieira Amaral
O golo de Matic não foi uma obra de arte. As obras de arte são bens transaccionáveis, orgulho de museus e coleccionadores.  Joe Berardo, por exemplo, tem uma data delas. O golo de Matic foi uma manifestação pura de beleza que cada um de nós há-de guardar no cofre particular da memória. Não foi apenas um remate fantástico, que também foi, foi igualmente geometria, poesia e metafísica (já explico esta) em movimento, um movimento sobre o qual nem é lícito falar-se no (...)

O fantoche

14.01.13, Bruno Vieira Amaral
Vê-se que o senhor Vítor Pereira não tem vocação para bruto, como um Paulinho Santos ou um guarda Abel, mas revela uma enorme vontade de ser bruto, de espumar como um bruto, de debitar a cartilha das Antas como um verdadeiro bruto. Como treinador é a mesma coisa. Isto sucede porque, não sendo naturalmente um bruto, chegando a exibir a fé que move montanhas e ajuda a ganhar campeonatos aos bons servidores de Deus e do seu representante na Terra, percebeu que tem de vestir o fato de (...)

O matador triste

11.12.12, Bruno Vieira Amaral
Como qualquer benfiquista tenho uma teoria sobre Oscar Cardozo. É uma teoria que nasce de uma reacção espontânea. Quando oiço alguém referir-se ao paraguaio como “matador” ou “predador” desconfio. Falta a Cardozo a frieza assassina do matador e não consigo imaginar um predador sem pensar em características felinas, como a agilidade, e felino é adjectivo que não cola ao rapaz, a não ser que nos lembremos das criaturas tristes e pachorrentas, quase bovinas, que habitam as (...)