Uma questão de lógica
Por uma questão de lógica, e até bom senso, um plantel deve ter duas opções para cada posição. Uma ou outra posição pode exigir três/quatro jogadores como é o caso do avançado para a equipa alterar o sistema de jogo. No entanto, não há nada neste Mundo que justifique um plantel ter três ou quatro jogadores para determinadas posições e ausência de alternativas noutras.
No primeiro ano de JJ, o Benfica começou a temporada com 2 jogadores por posição. Ainda antes da época começar, JJ correu com Patric e Yebda. Chegámos a Janeiro e JJ dispensou Shaffer e Urreta. O plantel começava a ficar desequilibrado. Desde então, nunca mais se equilibrou. Ora faltam extremos (há dois anos tínhamos apenas Salvio e Gaitan), ora faltam médios (no ano passado, quando faltava Witsel, o Benfica tinha a alternativa em Granada), ora faltam laterais direitos (desde há três anos que Maxi faz todos os jogos possíveis e quando não pode mesmo temos uma adaptação para desenrascar: Witsel, Rúben Amorim ou André Almeida). Porque motivo o Benfica contrata tanto jogador para a mesma posição e permanece com lacunas tão evidentes em certas posições?
Já escrevi em tempos que este ano temos um excesso de extremos incompreensível. A época começou e confirma-se. São tantos que JJ tenta adaptá-los e só dá asneira. Bruno César no centro passa a vida a ser antecipado e a atirar-se para o chão. Melgarejo e Djaló são demasiado maus defensivamente para darem em laterais da noite para o dia. Os avançados também são tantos que, com Nelson Oliveira e Rodrigo ausentes, Hugo Vieira mal calçou as chuteiras, Kardec pouco se mostrou (também é verdade que tem pouco para mostrar), Mora jogou apenas contra a Fundação Luís Figo e Michel nem deu à costa. No entanto, olhamos lá para trás e a coisa é completamente diferente. Garay e Luisão fazem os jogos todos, pois Jardel e Miguel Vítor nem lhes fazem sombra. Maxi joga 90 minutos em todos os jogos. Na esquerda, enquanto vai mostrando que Luisinho não pode ser mais do que uma segunda opção, JJ anda a tentar inventar um lateral esquerdo, tentando transformar um óptimo extremo, Melgarejo, num mau lateral (assim se queimam jogadores…). Entretanto, temos 4 laterais em casa à espera de um empréstimo: Shaffer, Emerson, Capdevila e Carole. Extremos a mais, avançados em excesso e mantêm-se as mesmas lacunas da temporada passada. Na esquerda falta-nos um lateral esquerdo titular e na direita alguém que permita que Maxi Pereira seja humano. Para a esquerda JJ admite que o Benfica está no mercado, mas para a direita ele diz que vai tentar encontrar solução no plantel. As questões que coloco são as seguintes:
- Durante uma época inteira, todos sabiam que Coentrão ia ser transferido. Porque não preparámos a sua substituição atempadamente e tivemos que contratar um tipo que não pode porque não tem pernas (Capdevila) e outro que não sabe fazer melhor porque não nasceu com aptidão para a prática do futebol (Emerson)?
- Durante a temporada passada, todos viram qual a lacuna da equipa: lateral esquerdo. Capdevila e Emerson não serviam. Os dois juntos não faziam um bom lateral esquerdo. Não resolveram o problema em Janeiro, já vamos no final de Julho e continuamos sem solução. Porque não prepararam esta contratação atempadamente?
- Há três anos que o Maxi anda a jogar em regime “sessões contínuas” na direita da nossa defesa. Até chegou a ter que sair do avião directamente para dentro das quatro linhas porque não existe alternativa e o Benfica não arranja o raio de um lateral direito para o substituir?
- Porquê tantos jogadores para o ataque e para jogarem nas alas? O catedrático vai arranjar uma nova táctica que vai surpreender o Mundo do futebol ou extremos e avançados vão ser adaptados a tudo quanto é posição?
Espero que tudo corra bem e que JJ tenha razão. Espero que, apesar de todas as lacunas evidentes, o Benfica tenha uma época de muito sucesso. No entanto, é difícil fechar os olhos a tanto disparate.