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Catedral da Luz

Catedral da Luz

Missão cumprida

11.12.12, Filipe Boto Machado

Em épocas já algo distantes, um jogo com o Sporting representava não só 3 pontos para o Benfica como -3 para o Sporting na luta pelo título. Neste ano, o jogo resumia-se a saber quantos pontos o Benfica trazia deste jogo. Não podíamos perder pontos contra os calimeros. Nas contas finais, o Porto terá certamente 6 pontos nos jogos com o Sporting. O Benfica tem de somar outros 6 pontos e 3 já cá cantam. Além disso, há sempre o factor motivação de vencer um derby frente ao Sporting. Disse num post anterior que, para sermos campeões, temos de marcar a diferença nos principais jogos deste campeonato, nomeadamente frente a Porto, Braga e Sporting, não só pelos pontos em disputa, mas também pela carga emocional que representa um resultado positivo ou negativo neste tipo de jogos. Ontem, o Benfica venceu, cumpriu a sua missão e continua na luta pelo título.

Quanto ao jogo, confesso que não gostei da forma como o Benfica jogou ontem em Alvalade. Nunca conseguimos ganhar o meio-campo na primeira parte e isso deveu-se à forma como a equipa se posicionou em campo. Se Matic se junta aos centrais na saída de bola e Lima não recua para vir buscar jogo, sobra André Gomes para um espaço de 25x25metros, obrigando o Benfica a jogar apenas pelas alas (uma de cada vez, pois não existe ninguém no meio para receber a bola e virar o jogo) ou no pontapé para a frente (sem ninguém para ganhar as segundas bolas no meio-campo). Contra o Moreirense ou o Paços, este tipo de jogo funciona, pois não se nota o espaço entre o meio-campo e os avançados. No entanto, contra uma equipa que pressione e queira algo mais do jogo, a distância entre sectores torna-se demasiado evidente, o jogo fica denunciado, as linhas de passe não existem, sobram os pontapés para a frente, as perdas de bola sucedem-se e as segundas bolas são quase todas do adversário. O Sporting jogou como equipa pequena. Onze jogadores atrás da linha da bola, meio-campo lotado e pressão em cima dos jogadores do Benfica quando estes passavam o meio-campo de modo a contra-atacar rapidamente com passes nas costas da defesa do Benfica. Pranjic, Elias, Carillo e Capel correram até rebentar e felizmente rebentaram. Com ou sem jogo na passada sexta-feira, o Sporting dificilmente aguentaria aquele ritmo mais do que 60 minutos. Assim aconteceu. Com a quebra do Sporting houve mais espaço para Salvio e Ola John, a distância entre setores no Benfica diminuiu com a subida possível de Matic e André Gomes, Lima passou a fazer a ligação entre o meio-campo e o ataque, e Cardozo apareceu para resolver o jogo como só ele sabe.

Vencemos justamente e continuamos na luta pelo título, mas não fiquei plenamente convencido. Espero que JJ entenda o que não correu bem no jogo de ontem e o corrija quando recebermos o Porto em Janeiro. Nos jogos com os adversários mais pequenos o Benfica ataca 80% do tempo de jogo, logo pouca gente no meio-campo, nomeadamente quando joga em casa, não é um grande problema. Em jogos com nível de dificuldade mais elevado, esta táctica tão "corajosa" coloca-nos a jeito. Não podemos voltar a entregar o meio-campo ao adversário. O que importa no rescaldo deste jogo é que continuamos na luta pelo título e isso, para um benfiquista, é muito mais importante do que uma vitória frente ao Sporting, especialmente este Sporting.

 

PS 1: Boas exibições de Artur, Ola John, Salvio, Lima e Cardozo, especialmente este último, mais uma vez decisivo e a dar mais três pontos ao Benfica. No plano oposto, como o Nuno já tinha referido, exibição insuficiente de Maxi Pereira e a confirmação de que Jardel não está ao nível do nosso capitão Luisão.

 

PS 2: Ontem, o Sporting teve um único português em campo durante os 90 minutos, Rui Patrício. O Benfica jogou com dois portugueses, André Gomes e André Almeida. Já nem esta vitória moral os calimeros podem levar para casa...