E o Sporting aguenta?
O Sporting é um dos poucos (único?) clubes de futebol do mundo que se podem orgulhar de, nos últimos 20 anos, ter formado dois botas de ouro. Mas Figo e Cristiano Ronaldo não são dois oásis no deserto. Só na posição de extremo a formação leonina produziu mais de dez jogadores de classe mundial. Contudo, este feito não se traduziu no domínio das competições internas, bem pelo contrário.
Os melhores foram sempre vendidos à primeira oportunidade para saciar a gula de quem acumula capital com as suas mais-valias. Da fase das presidências populistas – Gonçalves, Cintra ou Santana – o Sporting passou para as mãos da alta finança – provavelmente apenas interrompida no período de Dias da Cunha. Roquette experimentou a austeridade avant la lettre com os resultados desportivos que se conhecem. Já Bettencourt ou Godinho agem como representantes dos credores, mais preocupados com o pagamento da dívida e a venda de activos que com os resultados desportivos.
Neste aspecto, um clube desportivo não funciona de uma forma muito diferente de um país. Sem resultados, por mais austeridade que aplique, continuará a cavar o seu buraco aumentando a dívida. Tal como sucede com os países, a única solução possível é retirar o clube das mãos de quem o está a vampirizar.
Apesar dos obstáculos legais que foram sendo construídos por forma a retirar o poder aos sócios e simpatizantes do clube (onde é que já se viu que o pedido de uma assembleia geral de sócios tenha de ser acompanhado com o pagamento de milhares de euros para o seu funcionamento?), quanto mais cedo os sportinguistas tomarem em mãos o seu clube menos difícil será a sua recuperação desportiva e económica.