Quatro anos de JJ: a minha opinião
Quem leu os meus posts neste blog sabe que nunca fui um fervoroso defensor de JJ. Respeito quem seja. Respeito aqueles que se empolgam com o futebol ofensivo (e, diria eu, muitas vezes, irresponsável) do Benfica. Respeito aqueles que, com medo do regresso de um passado não muito distante, preferem a continuação de JJ do que uma mudança. Respeito outras opiniões, no entanto, analiso as coisas de forma distinta.
Em primeiro lugar, devo começar por referir que também eu me entusiasmei neste final de época. Resisti fortemente durante a época. Estava escaldado das últimas temporadas. No entanto, era impossível resistir a ficar entusiasmado. Há duas semanas, o Benfica tinha 4 pontos de avanço no campeonato, no qual restavam dois jogos em casa e uma visita ao Ladrão, e estava nas finais da Liga Europa e da Taça de Portugal. Acima de tudo, não me passava pela cabeça perder o campeonato. Estava nas nossas mãos. No entanto, pelo segundo ano consecutivo o Benfica deixou fugir vários pontos de avanço em jogos consecutivos e entregou o título ao Porto de Vítor Pereira, um dos piores que me lembro. Concedo que também eu gosto de ver um Benfica ofensivo e muitas vezes empolgante. Devo dizer também que julgo que JJ tem evoluído como treinador e é hoje mais competente do que era quando foi campeão (por exemplo, já sabe que deve jogar com 3 médios fora de casa em jogos grandes e entendeu que não pode jogar em 3-1-6 quando precisa de ganhar o jogo). Estive em quase todos os jogos na Luz, fui a Amesterdão e dia 26 irei ao Jamor. Apoio incondicionalmente a equipa e nunca a assobio, independentemente de discordar variadíssimas vezes de JJ. Sou do Benfica independentemente de quem o comanda.
No entanto, para mim, o que tivemos nestes quatro anos não chega. 1 título em 4 anos não chega. Para aqueles que comparam os resultados de JJ com os resultados de treinadores anteriores respondo que devemos também comparar orçamentos, condições de trabalho e acima de tudo os recursos que cada um teve à sua disposição. É impossível comparar Salvio e Balboa, Matic e Yebda, Sidnei e Garay, Enzo e Nuno Assis, Gaitán e Amorim, Witsel e Bynia, Di Maria e Reyes, entre muitos outros. Arrisco dizer que nenhum titular dos anos que antecederam a vinda de JJ seria titular de caras nestes últimos 4 anos e muito poucos teriam lugar no banco. Para mim, o que mais importa é analisar o trabalho e os resultados de JJ. Os resultados são fracos: em quatro anos, apenas um título no campeonato e três Taças da Liga (vamos lá ver se podemos juntar uma Taça de Portugal). Mais ainda do que isso, para mim, o Porto não ganhou os últimos dois campeonatos. Nós é que os perdemos. Quando se ganha vantagem de 4 e 5 pontos em dois anos consecutivos, a culpa não pode ser apenas imputada ao árbitro, ao Kelvin, ao Maicon, ao Roderick, ao Roberto, à falta de sorte ou ao raio do azar. Quanto à final europeia, excelente, mas não façamos disso um feito épico. O Braga esteve lá há dois anos e os lagartos estiveram à porta no ano passado. Não vamos comparar orçamentos e qualidade de jogadores, certo? Não devemos esquecer também que a final da Liga Europa se deve, em parte, a uma incompreensível eliminação da Champions em favor do Celtic.
Que erros têm sido cometidos? Na minha opinião, o estilo de jogo do Benfica permite-nos ganhar 95% dos jogos do campeonato português tranquilamente. Um grande em Portugal tem que atacar muito e criar ocasiões de golo, pois esse volume de jogo ofensivo garante vitórias contra equipas mais fracas. No entanto, nos jogos mais complicados, o Benfica sente muitas dificuldades. Além de dificuldades em ganhar o meio campo, somos vítimas de ansiedade pelo golo e tremenda incapacidade para controlar o jogo. A nota artística, como JJ diz, é importante, mas sem vitórias perde todo o interesse. Há momentos do jogo em que o Benfica precisa de jogar com o resultado, mas falha tacticamente no posicionamento dos jogadores e na abordagem ao jogo. Vejam-se as últimas duas derrotas. Contra o Porto, a 2 minutos do fim, o Benfica tem apenas quatro jogadores no seu meio campo: Maxi, Roderick e os dois centrais. Contra o Chelsea, sofremos um contra ataque em período de descontos que deu lugar a um canto que acabou em golo, quando qualquer equipa madura estaria na expectativa pelo prolongamento para arriscar mais. Sim, tivemos falta de sorte, mas também fomos muito ingénuos, certo? Que raio, se ganhássemos ele era um génio da táctica, como perdemos foi azar? Além da falta de controlo do jogo, a ansiedade do Benfica reflecte-se em termos físicos. É tremendamente difícil uma equipa aguentar a alta rotação que o Benfica impõe no jogo ao longo de 50 e tal jogos. Depois existem outros erros que continuam a ser cometidos repetidamente. A defesa à zona nas bolas paradas é permissiva no 2º poste e cometem-se erros de casting por teimosia, como Roderick, Emerson ou Roberto, que se pagam bem caros.
Finalmente, além dos resultados, há a postura arrogante e prepotente de um treinador que passa a vida a falar dele próprio, desvaloriza a história do Benfica e chama a si todos os louros do pouco que conquistou. Para mim, benfiquista, menosprezarem a grandeza e história do meu clube faz-me imensa confusão. Tal como aconteceu com Camacho, essas declarações de JJ deixam-me furioso. A vontade indirectamente manifestada de abandonar o clube no final da Liga Europa deixou-me ainda mais desiludido.