Negócios estranhos...
Não dá para ficar indiferente. É impossível não ficar preocupado. O Benfica, nos últimos anos, tem sido responsável por negócios muito estranhos e que nos devem preocupar.
Comecemos por Roberto. Terceiro guarda-redes do Atlético Madrid, emprestado ao Saragoça, contratado pelo Benfica por 8,5M€ em 2010/11. Vários frangos depois, transformado no terceiro guarda-redes do Benfica, atrás de Artur e Eduardo, Roberto é vendido por 8,6M€ ao Saragoça, entretanto falido. Dois anos depois Roberto é novamente vendido pelo Benfica ao Atlético Madrid por 6M€. Nada de estranho?
Ainda no mesmo defeso da contratação de Roberto, Di María foi vendido por 25M€, mais objectivos, mas em troca recebemos Rodrigo e Alípio, segundo os jornais desportivos por 6M€ e 5M€ respectivamente. Rodrigo vale os 6M€ investidos, mas os 5M€ gastos em Alípio tiveram que objectivo? Porque recebemos este brinde? Para empolar os valores recebidos por Di María? Com que objectivo?
Este ano contratámos Pizzi por 6M€ por 50% do passe ao Atlético Madrid, espécie de troca pelos 100% do passe do Roberto. Nem chegou a ser apresentado no Estádio da Luz. Foi logo emprestado ao Espanyol. Depois foi Luis Fariña, médio contratado pelo Benfica, em parceria com a Gestifute, segundo os jornais por valores entre 2,5M€ e 3M€. Seguiu o mesmo caminho de Pizzi, foi emprestado, mas neste caso foi para Baniyas, clube do Dubai, onde não esperamos certamente valorizá-lo ou torná-lo mais preparado para o nosso campeonato. Uma e outra contratação tiveram que objectivo?
Pelo meio, contratámos vários jogadores que (quase) nunca vestiram o manto sagrado, tais como Mora, Michel, Nuno Coelho, Djaniny, Djaló ou Carole, que apenas passaram pelo Benfica para treinar à parte ou serem sucessivamente emprestados até às respectivas rescisões de contrato. Mora foi agora trocado por Funes Mori (e parece que ainda pagámos mais uns milhões). Michel chegou, seguiu para Braga, foi devolvido, ficou meio ano a engordar e agora foi emprestado a um clube do Médio Oriente. Nuno Coelho foi emprestado, na primeira época, ao Beira-Mar, e na segunda, ao Aris. Nunca fez um jogo oficial e nos particulares jogou quase sempre como central. Nunca contou para Jorge Jesus. Djaniny, que nem um particular fez pelo Benfica, pouco jogou na temporada passada no Olhanense e esta temporada foi para o Nacional, clube amigo do Porto. Djaló espera nova colocação depois de uma época emprestado ao Toulouse. Tendo em conta o número de extremos e oportunidades que não teve no Benfica, parece que também nunca foi encarado como solução. Carole, lateral esquerdo, fez meia dúzia de jogos, foi emprestado há duas época ao Sedan, na temporada passada foi utilizado como central na equipa B e este ano rescindiu contrato. Custou 0,5M€ e nem sabemos se era bom.
Por fim, a equipa B para onde já foram contratados jogadores que não fizeram um único minuto. Ernesto Cornejo, ex-Barcelona B foi o exemplo mais evidente. Esteve um ano a treinar e não jogou um minuto que seja. Este ano fomos buscar dois irmãos de jogadores na equipa A, Filip Markovic e Uros Matic, como se o talento para o futebol fosse genético e hereditário...
O resultado desta política de aquisições é para já mais de 100 jogadores com contrato profissional e mesmo assim continuamos a ter plantéis desequilibrados, com falta de opções para algumas posições (no ano passado inventou-se um lateral esquerdo e abusou-se na disponibilidade de Matic) e excesso noutras (tivemos extremos para troca). Com mais de 100 jogadores com contrato profissional, ainda continuamos a pedir alguns jogadores emprestados (Cortez e Silvio). O resultado destes negócios em termos financeiros continua por descobrir. Sabemos que é crítico realizar vendas de muitos milhões todos os anos, mas, aparentemente, podemos esbanjar milhões em contratações e ordenados, que baixos ou elevados são pagos pelo Benfica. Aparentemente, há aqui qualquer coisa que não bate certo, mas posso ser eu que não estou a ter visão de negócio dos dirigentes do Benfica.