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Catedral da Luz

Catedral da Luz

Impotência

24.03.12, Bruno Vieira Amaral

Nos últimos jogos para o campeonato o Benfica tem entrado com aquela postura entre o medo cénico de que fala o Sérgio e a crença mágica de que um golo há-de aparecer, seja pela intervenção das “individualidades”, pela energia xamânica do público ou por uma ajuda divina arbitrária (ou arbitral). Na Luz, os golos aparecem com naturalidade (é ver o jogo com o Beira-Mar) e, fora da Luz, por vezes aparecem com sobrenaturalidade (é ver o jogo com o Paços de Ferreira). Mas há sempre aquele dia em que as individualidades se eclipsam, a energia é manifestamente insuficiente e Deus recolhe aos seus aposentos e nos deixa entregues à nossa (in)capacidade. Aconteceu ontem. Não jogámos nada na primeira parte, ficámos à espera de um “acontecimento” (como o golo de Janko ao Nacional) mas o “acontecimento” não aconteceu e só depois de Pablo Aimar ter sido justamente expulso (como Bruno César devia ter sido expulso no jogo contra o Paços de Ferreira) é que a equipa ganhou consciência de que aquilo era mesmo uma final. Não vale a pena os jogadores dizerem que todos os jogos são finais para depois entrarem em campo como se fosse uma final...do torneio do Guadiana. Criámos mais oportunidades com 10 do que com 11. Isso significa que, com 11, estivemos a dormir. Os comentadores diziam, como dizem obrigatoriamente nestas ocasiões, que estávamos a atacar com mais coração do que cabeça. Pois, mas isso só aconteceu porque passámos a primeira parte a atacar só com cabeça (em coma) e sem pingo de emoção. Fomos incapazes de ganhar a uma equipa que só quis não perder, que fez um jogo honesto na avaliação das suas capacidades e um anti-jogo desonesto para conter as nossas. O árbitro podia ter sido indulgente com Aimar, podia ter assinalado um penalty de Toy que não o foi menos do que aquele do Porto contra a Académica, mas isso não desculpa nada. Também eu fico angustiado por, em muitas ocasiões, constatar que o Benfica, para ganhar, tem de ser muito superior a todos os adversários. Mas ontem não fomos superiores a ninguém, nem à equipa do Olhanense, nem ao árbitro. Nem sequer fomos superiores a nós próprios. Não nos superámos. E assim é difícil ganhar.

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