A promoção da violência como método
Que há adeptos energúmenos e violentos em todos os clubes já sabemos. O nosso não é excepção. Nos últimos anos vários episódios lamentáveis têm sucedido em todos os palcos desportivos, e quase sempre têm passado impunes, o que só tem contribuído para continuarem a existir. Mas haver nas cúpulas dirigentes quem apoia, promove e divulga a violência é algo diferente. E o clube siciliano do norte do país tem uma longa prática de apoio a este tipo de comportamentos, com actos, palavras e omissões. O que se passou esta semana no pavilhão andrade foi mais uma prova de tal. Em primeiro lugar os bilhetes foram na sua esmagadora distribuídos por uma claque de malfeitores, que depois fez deles o que bem entendeu. Além disso, foi criado um ambiente em redor do jogo que nem o Presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol esteve na final. Já se adivinhava que a taça, caso o Benfica ganhasse, não seria entregue em condições. Até nesta modalidade as tácticas mafiosas são utilizadas. Centenas de bestas (para não a esmagadora maioria dos adeptos) passaram o jogo a insultar os jogadores do Benfica, com os cânticos normais da ralé, entre outras ameaças e impropérios. Um hábito. No final do jogo, as cenas habituais de violência, intimidação e agressão. O que dizem os seus dirigentes e um tal de Marçal? Que têm orgulho nesses selvagens e ainda têm a lata de se virar contra a polícia, por esta ter impedido que as bestas tivessem concretizado as agressões aos jogadores do Benfica. Por fim, surge ontem uma inacreditável operação de branqueamento desses actos, promovida pelos cabecilhas e com o apoio de diversas pessoas coniventes com a estratégia de intimidação e promoção da violência. Palavras de condenação sobre os insultos e tentativas de agressão? Zero. Isto é o clube de Palermo na sua máxima expressão.
Uma palavra para Luís Filipe Vieira. Tem estado adormecido nestes últimos anos. Depois de ter apoiado um antigo dirigente siciliano para a cúpula do futebol português, surgiu ontem, mais uma vez tarde, a reagir aos tristes incidentes. Com um discurso violento, que só peca por tardio, Vieira tenta agora recuperar o tempo perdido. Mas desconfio saber a razão desse discurso: estamos em vésperas eleitorais e Vieira sabe que há grande descontentamento entre os sócios do Benfica. Mas, senhor Presidente, se quer ser mesmo consequente, denuncie já as pessoas que apoiou, nomeadamente o Gomes das facturas e o Pereira da Taberna do Infante (ele saberá do que estou a falar), e afirme desde já que vai cortar com a Olivedesportos, outra cabeça do polvo do futebol português. Depois, esqueça um pouco os seus negócios privados, que incluem como sócios um dos capos do regime siciliano, e concentre-se nos verdadeiros interesses do Benfica. Em pleno século XXI, não podemos ter um Presidente que desaparece em tempos cruciais da época e cujos principais interesses não são os do clube. Precisamos de alguém de corpo e alma no Benfica.