O que é ser benfiquista?
Pergunta difícil de responder, mas que se impunha no meu primeiro post neste blog. Desde que me lembro de quem sou, lembro-me de ser do Benfica e adorar aquela camisola encarnada. Nunca pensei "porque não nasci de outro clube?" e muito menos pensei em mudar. Ser benfiquista é um estado de alma, uma paixão que se sente e é difícil de explicar. Pode partilhar-se com os outros, mas só percebe quem o sente intensamente como eu. Talvez passar para este post alguns actos de paixão por este clube o transmitam melhor.
A minha primeira grande recordação do Benfica data do final da época de 1990/91, tinha então 5 anos acabados de fazer. O meu pai levou-me ao Estádio da Luz para ver o jogo do título. Nesse dia, o Benfica venceu o Beira-Mar por 3-0. A primeira grande recordação é logo um título de campeão. Vencer faz parte do ADN do Benfica e aprender isso é fundamental para ser benfiquista.
No entanto, foi a partir da época 1993/94 que passei a viver o Benfica diariamente. Lembro-me bem da época que resultou no título e do 3-6 em Alvalade. Infelizmente, também me lembro de não ter ido ao Estádio da Luz ver o jogo do título com o Guimarães. Que tremenda desilusão. Tinha nesta altura 7 anos, mas o Benfica já tinha, para mim, uma importância que surpreendia a professora da primária e os próprios familiares benfiquistas. Desde então, acompanhei sempre todas as épocas, jogos (de preparação ou oficiais), contratações (as confirmadas e as supostas), vitórias e derrotas.
Nunca esmoreci, mas sofri muito com o reinado de Vale e Azevedo. Tinha 14 anos quando passei parte da noite acordado, colado à televisão, ansiando por uma notícia que confirmasse que Manuel Vilarinho o tinha derrotado. Em 2003, estive na inauguração do novo Estádio da Luz. Eu tinha de estar lá, nem que para isso fosse necessário passar 12 horas numa fila... Em 2005 deu-se o fim de um longo jejum para os benfiquistas. Fomos campeões e eu, evidentemente, fui até ao Porto ver o jogo do título no Estádio do Bessa. A cidade do Porto cheia de benfiquistas, o estádio pintado de vermelho e, por fim, a festa do título. Um dia marcante na vida de um benfiquista.
Desde há 3 anos para cá tenho cativo no Estádio da Luz. Não há melhor uso para dar ao dinheiro que comecei a ganhar com o meu trabalho do que investi-lo num lugar para ver ao vivo todos os jogos do Benfica. Há pouco mais de dois anos estive em Liverpool a apoiar o Glorioso. Acabou mal, mas o ambiente, o que senti quando o Benfica entrou em campo e, por várias vezes, silenciámos um dos estádios mais emblemáticos do Mundo...confirmaram-me o que é ser benfiquista. Mais recentemente, o título de 2009/10 que tanto nos encheu de orgulho e satisfação, e a festa no Marquês, momento que nos ajuda sempre a perceber o que é o Benfica e o que é ser benfiquista.
Para mim, ser benfiquista é tudo isto. É viver o clube com paixão, sentir orgulho por ser do Benfica, apoiar a equipa nos bons e maus momentos, acreditar numa reviravolta quando racionalmente ela é de todo impossível, vibrar com as vitórias, chatear-me com as derrotas, ser exigente, querer sempre mais e melhor. De resto, costumo pensar que, ao contrário dos meus amigos que, por azar, são adeptos de outro clube em Portugal, ser benfiquista é ter escolhido ser a favor de algo e não contra alguma coisa. Só por isso, já vale a pena ser do Benfica.