Sicília
Luiz Filipe Scolari veio agora confirmar em entrevista o que toda a gente já sabia: que o padrinho do Norte é quem manda - e repito manda porque pouco ou nada parece ter mudado desde então - na selecção. O polvo tem os seus tentáculos por todo o lado, desde a Liga à Federação, passando pela arbitragem. O domínio de uma época não poderá ser fundado apenas no mérito desportivo - e ao longo dos anos, o FCP terá tido algum algumas vezes; passa pelo controlo total de todos poderes que vão além do talento de onze jogadores e de uma equipa técnica durante 90 minutos. A palavra de Pinto de Costa ter força para excluir da selecção o melhor guarda-português à epoca (Vítor Baía), é mais uma prova dessa influência. Claro que um cínico poderá dizer que este facto, por si só gravíssimo, se comparado com as conversas sobre árbitros, é um pormenor. Não é. Porque Scolari é dos poucos - muito, muito poucos - que acabaram por revelar o funcionamento dos bastidores do futebol português: um jogo viciado à partida, em que só não ganha o FCP quando as equipas adversárias são realmente extraordinárias, superlativas, ou o plantel e treinador do FCP demasiado medíocres. Acasos, portanto. E assim vamos cantando e rindo, com o nosso presidente Vieira - antigo sócio da agremiação do Norte - a tentar que os seus interesses se mantenham intocados enquanto conduz o barco por entre os escolhos do insucesso desportivo; o Benfica, esse, e quando tiver de ser, que se lixe.